Sabe quando comecei a trabalhar com jogadores de futebol? Peguei um garoto que vivia no McDonald’s antes dos treinos. Coitado! Ele não entendia por que cansava tão rápido em campo. Depois de umas dicas simples de alimentação, o rapaz virou outra pessoa. Em poucas semanas já aguentava o jogo inteiro numa boa. Foi aí que caiu a ficha: comida certa faz uma diferença danada no futebol!
A alimentação dos atletas de futebol vai muito além de só “comer bem”. Cada refeição, cada nutriente conta. E olha, depois de anos trabalhando com jogadores de vários níveis, desde os que estão começando até profissionais, aprendi um bocado sobre isso. Vamos nessa?
Por que a alimentação dos atletas de futebol é tão importante?
Pensa comigo: são 90 minutos correndo, pulando, chutando. Um jogador profissional chega a correr mais de 10 km por jogo! É muita coisa, né? Por isso a comida deles não pode ser igual à de quem só bate uma bolinha no fim de semana.
Lembro de um zagueiro que sempre morria no segundo tempo. O cara simplesmente apagava depois dos 60 minutos. Mudamos a alimentação dele, ajustamos os carboidratos antes dos jogos, cuidamos da água que ele bebia, e pronto: passou a jogar o jogo todo no mesmo ritmo. Incrível como pequenas mudanças fazem diferença!

Entendendo os combustíveis do corpo
Vou te explicar sem complicar. Nosso corpo usa basicamente três tipos de “combustível”: carboidratos, proteínas e gorduras.
Os carboidratos são como a gasolina do carro. São eles que dão energia rápida durante o jogo. Já viu jogador que cai de produção no final da partida? Muitas vezes é falta de “carbo” suficiente.
As proteínas? Essas são os tijolos que reconstroem o corpo depois do esforço. Após um jogo duro, os músculos ficam todos machucadinho por dentro. É a proteína que vai lá e conserta tudo.
E as gorduras? Olha, elas não são vilãs não. São como uma reserva de energia para esforços mais longos. Além disso, ajudam a absorver vitaminas importantes.
As vitaminas e minerais que ninguém dá bola
Todo mundo só fala de proteína e carbo, mas e o resto? As vitaminas e minerais são super importantes!
Tive um aluno que sofria com cãibras toda santa partida. Sabe o que era? Faltava magnésio e potássio. Colocamos mais banana, abacate e folhas verdes no cardápio dele. As cãibras quase sumiram! Coisa simples, né?
Como comer em cada momento da temporada
Uma coisa que muita gente não saca é que a comida muda conforme a época do campeonato. O que você come na pré-temporada é diferente do que deve comer durante os jogos oficiais.
Pré-temporada: hora de construir a base
Na pré-temporada é pau a pau. Os treinos são puxados demais, e o corpo precisa de muita energia.
Nessa fase, costumo aumentar um pouco as calorias, principalmente de proteínas boas. Pense em carnes magras, ovos, laticínios com menos gordura.
Um time amador que treinei começou a seguir esse plano na pré-temporada. Cara, a diferença nos testes físicos foi gritante comparado com o ano anterior!
Durante o campeonato: mantendo a máquina
Aqui a coisa fica mais estratégica. Com jogos toda semana, recuperar rápido vira prioridade número um.
Uma coisa bacana que descobri é que cada jogador é de um jeito. Tem quem jogue melhor com o estômago mais vazio, outros precisam de uma refeição mais encorpada.
Um meio-campista meu descobriu que rendia mais quando comia macarrão com frango umas 3-4 horas antes da partida. E completava com uma banana uns 30 minutos antes do aquecimento. Encontrou o jeito dele!
Depois de machucados: comida que cura
Todo jogador se machuca uma hora ou outra. E a comida certa pode ajudar muito na recuperação.
As proteínas viram estrelas nesse momento. São elas que vão reconstruir o que está danificado. Alimentos anti-inflamatórios também são joia, como os peixes gordurosos, cúrcuma e gengibre.
Um lateral do time torceu feio o joelho. Além da fisioterapia, caprichamos na alimentação rica em proteínas, vitamina C e comidas anti-inflamatórias. Os médicos ficaram de queixo caído com a rapidez da recuperação!

No dia do jogo: o que comer pra brilhar
O dia da partida é sagrado pra alimentação dos atletas de futebol. O que entra na boca nas horas antes do apito inicial pode ser a diferença entre aguentar o jogo todo ou “morrer” no segundo tempo.
3-4 horas antes de entrar em campo
Aqui a refeição deve ser moderada, com bastante carboidrato, um pouco de proteína e pouca gordura e fibra. A ideia é garantir energia sem ficar com aquele peso no estômago.
Coisas que funcionam bem:
- Arroz com frango grelhado e legumes cozidos
- Macarrão com molho de tomate e carne moída magra
- Batata doce com atum e saladinha leve
Uma horinha antes do jogo
Se bater aquela fominha, vale um lancinho leve e fácil de digerir, focado em carboidratos.
O que cai bem:
- Uma banana
- Barra de cereais sem chocolate (chocolate tem muita gordura)
- Torrada com geleia
Durante o jogo
Água é o mais importante! Aquelas bebidas esportivas com sais minerais também ajudam a repor o que sai no suor e manter a energia.
Trabalhei num time onde cada jogador tinha sua própria garrafinha com uma mistura especial, baseada em quanto cada um suava. Sabe o resultado? Muito menos gente com câimbra ou cansando antes da hora.
Depois do apito final: a hora de ouro
Os primeiros 30-60 minutos depois do jogo são preciosos. É quando o corpo tá implorando por nutrientes pra começar a se recuperar.
O ideal é misturar carboidratos e proteínas. Os carboidratos repõem a energia dos músculos, e as proteínas começam o conserto das fibras.
O que funciona legal:
- Shake de proteína com banana e mel
- Iogurte com frutas e granola
- Sanduíche de peito de peru
“A nutrição esportiva pode ser a diferença entre um bom jogador e um grande campeão. O talento te coloca no jogo, mas é a comida certa que te mantém no topo”, como sempre diz a Dra. Ana Ribeiro, que cuida da alimentação da garotada da Seleção Brasileira.
Água: tão importante quanto a comida
Já parou pra pensar que somos quase 60% água? Pra jogadores de futebol, ficar bem hidratado é questão de vida ou morte (tá, exagerei um pouco, mas você entendeu).
Num jogo só, um cara pode perder entre 1 e 2,5 litros de suor! Isso precisa voltar pro corpo, senão o desempenho vai pro brejo rapidinho.
Dá pra saber que está desidratado quando:
- O fôlego acaba mais rápido
- A cabeça fica meio lenta para decidir jogadas
- Aparecem aquelas câimbras chatas
- O coração dispara mais que o normal
- Bate aquela dor de cabeça
Como se hidratar direito
A hidratação começa muito antes do jogo. Sempre falo pros meus atletas beberem uns 500-600 ml de água 2-3 horas antes da partida, e mais 200-300 ml uns 15-30 minutos antes do início.
Durante o jogo, é dar uns golinhos sempre que der. No intervalo, mandar 300-500 ml de líquido pra dentro ajuda a compensar o que suou no primeiro tempo.
Depois do jogo, a reidratação completa pode demorar várias horas. Uma dica boa é olhar a cor do xixi: quanto mais clarinho, melhor hidratado você está.
Suplementos no futebol: precisa mesmo ou é só modinha?




Todo jogador quer saber se precisa tomar aqueles potes de suplementos pra melhorar.
Pela minha experiência, suplemento é como o nome já diz: um complemento! Não substitui comida de verdade. O foco principal deve sempre ser uma dieta balanceada com alimentos reais.
Mas tem situações em que suplementos podem dar uma força:
Suplementos que funcionam pra quem joga bola
- Creatina: Ajuda na recuperação entre sprints e aumenta a força explosiva.
- Whey Protein: Facilita bater a meta de proteínas, principalmente quando precisa recuperar rápido.
- Bebidas isotônicas: Úteis durante jogos e treinos longos pra repor sais e açúcares.
- Cafeína: Um cafezinho antes do jogo pode melhorar a atenção e reduzir a sensação de cansaço.
- Beta-alanina: Pode ajudar a segurar a fadiga em momentos de gás total.
Mas ó, qualquer suplemento tem que ser indicado por quem entende do assunto. O que funciona pro seu colega pode não ser bom pra você.
Quando montei um programa de suplementação com uma garotada sub-17, primeiro fizemos avaliação de cada um pra ver o que realmente precisavam. Só depois receitamos os suplementos. Resultado muito melhor!
O que não fazer com a alimentação
Tem umas idéias furadas que ainda existem no futebol, até entre profissionais.
Passar fome pra emagrecer rápido
Tem jogador, principalmente os mais novos, que acha que perder peso na correria vai melhorar o desempenho. Que nada! Isso faz perder músculo, baixa a imunidade e aumenta o risco de se machucar.
Trabalhei com um atacante que tava fazendo dieta por conta própria, comendo menos de 1500 calorias por dia. O desempenho dele foi pro vinagre, vivia se machucando e sempre cansado. Quando ajustamos pra umas 2800-3000 calorias (o que ele realmente precisava), o cara não só recuperou a forma como melhorou em campo.
Loucura por proteína
O outro extremo também dá problema. Muito jogador acha que quanto mais proteína, mais músculos. Não é bem assim. O excesso pode sobrecarregar os rins e desbalancear a dieta toda.
O ideal é entre 1,4 a 2,0 gramas de proteína por quilo de peso, dependendo da fase de treino e dos objetivos.
Desidratar pra “definir músculos”
Essa é perigosa! Alguns atletas cortam a água achando que vão ficar mais “rasgados” para jogos importantes.
Ficar desidratado, mesmo que pouquinho, acaba com o desempenho físico e mental, aumenta chance de lesão e pode dar problemas sérios de saúde.
Comendo diferente conforme a posição
Cada posição no campo tem necessidades diferentes. A comida pode (e deve) se adaptar a isso.
Goleiros
Os goleiros não correm tanto, mas fazem movimentos explosivos que exigem muita potência. A alimentação deles deve dar atenção às proteínas pra manter a massa muscular e ter carboidratos suficientes pra explosão.
Um goleiro com quem trabalhei melhorou demais seus reflexos e altura dos saltos quando ajustamos a dieta: mais proteínas magras e carboidratos na medida certa, sem exagerar nas calorias.
Zagueiros e laterais
Essas posições misturam força com resistência. Os zagueiros precisam de boa proteína pra manter a força, enquanto os laterais, que sobem e descem o tempo todo, precisam de um pouquinho mais de calorias e bastante carboidrato.
Meio-campistas
São os que mais correm! Podem fazer mais de 12 km por jogo. A comida deles deve ser rica em carboidratos pra aguentar esse tranco, sem esquecer das proteínas pra recuperação.
Atacantes
Fazem muitos piques rápidos e movimentos explosivos. Precisam de um mix equilibrado de todos os nutrientes, com atenção especial à recuperação entre um sprint e outro.
Planejando a semana alimentar
Um bom planejamento semanal ajuda o jogador a chegar no dia do jogo tinindo. Veja como costumo organizar a alimentação durante uma semana normal de campeonato:
Segunda-feira (dia seguinte ao jogo)
Foco total na recuperação. Dieta rica em:
- Proteínas pra consertar os músculos
- Carboidratos pra repor a energia
- Antioxidantes pra combater a inflamação
Exemplo de cardápio:
- Café da manhã: Omelete com espinafre, pão integral e suco de laranja
- Almoço: Salmão grelhado, arroz integral, brócolis e abacate
- Lanche: Iogurte com frutas vermelhas e mel
- Jantar: Peito de frango, batata doce e legumes variados
Terça e quarta-feira (treinos normais)
Alimentação equilibrada pra aguentar os treinos:
- Proporção boa entre proteínas, carbos e gorduras
- Foco em alimentos de verdade, não industrializados
Quinta e sexta-feira (chegando perto do jogo)
Aumento gradual dos carboidratos:
- Menos alimentos fibrosos
- Mais carboidratos complexos
- Mantendo proteínas de fácil digestão
Sábado (véspera de jogo)
Carregando as baterias finais:
- Refeições com bastante carboidrato
- Menos gorduras e fibras
- Água à vontade
- Evitar alimentos novos ou que possam dar azia ou dor de barriga
Exemplo de cardápio:
- Café da manhã: Aveia com banana e mel
- Almoço: Macarrão ao sugo com peito de frango grelhado
- Lanche: Torradas com geleia e chá
- Jantar: Arroz, filé grelhado e legumes cozidos
Domingo (dia de jogo)
Seguir aquelas dicas que já falei pra dia de jogo.
Adaptando essas dicas pro futebol de fim de semana
E se você não é profissional? Dá pra usar essas ideias no seu futebolzinho de domingo?
Claro que dá! Os princípios são os mesmos, só precisam de alguns ajustes:
- Coma uma refeição boa 2-3 horas antes dos jogos
- Mantenha-se bem hidratado o dia todo
- Tenha sempre uma banana ou barra de cereais na mochila
- Depois do jogo, coma algo com proteína e carboidrato pra recuperar mais rápido
- Durante a semana, mantenha uma alimentação balanceada
Muitos jogadores de fim de semana com quem trabalhei melhoraram pra caramba só organizando melhor as refeições nos dias de pelada e bebendo água direito.
Personalizando a dieta
Cada jogador é um jogador. O metabolismo, o físico, a posição em campo e até as preferências pessoais influenciam nas necessidades alimentares.
Quando monto planos pra jogadores, levo em conta:
- Resultados de exames de sangue
- Composição corporal
- Histórico alimentar e gostos pessoais
- Objetivos específicos (ganhar massa, diminuir gordura, etc.)
- Calendário de jogos
- Histórico de machucados
Lembro de um meia-atacante que não conseguia manter o peso durante a temporada. Descobrimos que ele gastava calorias demais por causa do jeito que jogava e do metabolismo acelerado. Aumentamos 500 calorias por dia através de lanches estratégicos entre as refeições principais, e pronto: manteve o peso e o ritmo a temporada toda.
Pra fechar
A alimentação dos atletas de futebol tá sempre evoluindo. O que sabemos hoje sobre nutrição esportiva é muito mais avançado do que há uns anos atrás, permitindo que os jogadores cheguem a níveis cada vez mais impressionantes.
O mais importante é entender que não existe receita de bolo que funcione pra todo mundo. Cada um tem suas particularidades, e o segredo está em encontrar o que funciona pra você.
Se você joga, treina ou prepara fisicamente atletas, vale a pena aprender mais sobre nutrição esportiva. Como sempre digo pros meus atletas: “O talento te leva ao topo, mas é a alimentação certa que te mantém lá”.
Resumindo o que vimos:
- Por que a alimentação dos atletas de futebol muda o jogo
- Os combustíveis básicos que o corpo precisa
- As vitaminas e minerais que fazem diferença
- Como alimentar em cada fase da temporada
- O que comer no dia da partida
- A importância da água no futebol
- Suplementos que realmente funcionam
- O que evitar na alimentação
- Dieta conforme a posição
- Planejamento semanal de refeições
- Como adaptar essas dicas ao futebol amador
- A importância de personalizar a nutrição
Perguntas que todo mundo faz
1. O que comer antes do jogo?
Uma refeição com bastante carboidrato, um pouco de proteína e pouca gordura, umas 3-4 horas antes da partida. Macarrão com molho de tomate e frango, arroz com filé magro e legumes, ou batata doce com atum são boas pedidas.
2. Como se hidratar durante um jogo?
Beba água ou isotônicos em pequenas quantidades sempre que der, principalmente nas paradas. No intervalo, tome uns 300-500ml. Comece a se hidratar horas antes do jogo, com uns 500ml de água 2-3 horas antes.
3. Preciso mesmo tomar suplementos?
Na real, não necessariamente. Uma alimentação bem pensada pode dar tudo que você precisa. Mas alguns suplementos como whey protein, creatina e isotônicos podem ajudar em situações específicas, sempre com orientação de quem entende.
4. Quanta proteína devo comer por dia?
O ideal é entre 1,4 e 2,0 gramas por quilo de peso corporal, dependendo da fase de treino e objetivos. Se você pesa 70kg, por exemplo, seria entre 98 e 140 gramas de proteína por dia.
5. O que comer depois do jogo?
Nos primeiros 30-60 minutos depois do apito final, busque uma combinação de carboidratos e proteínas para começar a recuperação. Shake proteico com banana, iogurte com frutas ou sanduíche de peito de peru são boas opções.
6. Café antes do jogo ajuda mesmo?
Sim! A cafeína em doses moderadas (3-6mg por quilo de peso) pode melhorar a resistência, diminuir a sensação de cansaço e aumentar o estado de alerta. Uma xícara de café (uns 80-100mg de cafeína) antes do jogo pode ajudar bastante.
7. Álcool atrapalha o desempenho?
E como! Mesmo em pequenas quantidades, o álcool prejudica a recuperação, piora o sono, desidrata e reduz a capacidade do corpo de construir músculos. O melhor é evitar completamente, especialmente 48 horas antes das partidas.
8. É melhor jogar em jejum ou alimentado?
Jogar alimentado é quase sempre a melhor opção, desde que a refeição seja adequada e feita com antecedência suficiente. Jogar em jejum pode levar à queda de açúcar no sangue, queda no desempenho e mais risco de lesões.
9. Quais as melhores frutas pra quem joga futebol?
Bananas (ricas em potássio e carboidratos), frutas vermelhas (antioxidantes), laranjas (vitamina C), maçãs (carboidratos de absorção mais lenta) e abacate (gorduras boas) são ótimas opções para diferentes momentos da rotina do jogador.
10. Como adaptar a alimentação em jogos com temperaturas extremas?
Em dias quentes, aumente a hidratação e o consumo de sais minerais, além de preferir refeições mais leves. Em dias frios, refeições um pouco mais substanciais podem ser boas, sempre mantendo bons níveis de hidratação.
Meta descrição: A alimentação dos atletas de futebol impacta diretamente no desempenho. Saiba o que comer antes, durante e depois dos jogos para melhorar seu rendimento em campo.